Gostaríamos de considerar um pensamento que possivelmente seja contrário às nossas concepções habituais sobre a relação entre homem e mulher. Neste artigo, não estamos preocupados com a questão da dominação ou da emancipação, nem nos envolvemos com a visão psicológica quanto à busca de uma parceria harmoniosa. Estamos preocupados com um novo paradigma.
O que queremos mostrar é que homem e mulher podem entregar tudo o que diz respeito a seu relacionamento pessoal a um poder superior. Eles podem alcançar uma unidade que ultrapassa a compreensão comum desse termo.
O início do caminho para a verdadeira unidade está sempre no momento presente. Seu destino final é uma transformação interna total. Mas para quem ou para o que devemos nos entregar? Certamente, não é para nosso parceiro! Na verdade, precisamos renunciar a certos aspectos de nosso relacionamento – como a necessidade de dominar e a necessidade reativa de nos emanciparmos.
Esse processo é um caminho espiritual de autoconhecimento e cada pessoa que está nesse caminho será levada a obter uma consciência das técnicas sutis do ego. Então, finalmente entendemos que o ego não é mais do que a encarnação temporal de nosso eu eterno! Quando seguimos o caminho da periferia em direção ao centro, nos aproximamos do núcleo de nosso ser, com toda a sua vibrante realidade.
O caminho para o autoconhecimento começa dentro do coração. O coração é o lugar em que somos a imagem do portador do eu divino. É aí que encontramos a porta para a presença eterna do Espírito. Essa porta se abre a partir do momento em que nosso desejo de realização se torna suficientemente forte.
Nesse caminho espiritual, a psique dos homens e das mulheres sofre um duplo processo: consiste em uma entrega total da força de vontade ao princípio superior da vida e da ressurreição desse mesmo princípio como nova alma.
“Masculino” e “feminino” são princípios polares que podem ser encontrados tanto em homens como em mulheres. Para criar um movimento para cima e para fora desse princípio dual, é necessário um terceiro elemento: o Espírito divino.
Nesse triângulo composto por homem, mulher e princípio divino espiritual, as energias dialéticas terrestres podem alcançar um nível superior. A mesma magia pode acontecer em uma relação entre um homem e uma mulher, ou em qualquer outro relacionamento nesse sentido. Já não se trata de uma questão de dominação e emancipação, mas sim de transformação e transcendência.
O divino-espiritual conhece uma forma de expressão feminina – amor – e uma forma masculina de expressão – pensamento. O amor ressoa com o coração, enquanto o pensamento ressoa com a mente. Isso é verdade para ambos os sexos. No entanto, as mulheres estão bastante inclinadas a receber o espiritual-divino com seu coração, ao passo que os homens são mais propensos a receber impulsos espirituais em sua mente.
O resultado disso pode ser uma cooperação totalmente nova dentro de um relacionamento, desde que ambos os parceiros coloquem a busca da verdade eterna no centro de suas vidas. Através do ato de entrega de seu coração, uma mulher pode se tornar o solo fértil para a semente espiritual e, assim, testemunhar um desenvolvimento extraordinário. O homem, como seu parceiro, pode participar desse milagre. Por sua vez, depois de ter purificado a cabeça, agora ele já pode conceber imediatamente os impulsos do Espírito com sua mente. esses impulsos não só ressoam em seu coração, mas também no de seus parceiros.
Assim que a mente do homem estiver aberta para o Espírito, uma nova vontade despertará dentro dele para que ele perceba aquilo que recebeu. Na mulher, por outro lado, o Espírito desperta as atividades de vontade do coração. E novamente os poderes recebidos se unem dentro do relacionamento, multiplicando as possibilidades de cada parceiro.
Consequentemente, o caminho espiritual não diz respeito ao homem e à mulher que tentam harmonizar seu relacionamento a partir de sua própria força de vontade egocêntrica, mas sim àqueles que entendem suas disposições internas e aprendem a usá-las em seu caminho espiritual. A harmonia é a consequência lógica dessa entrega interior ao divino-espiritual, pois o Espírito não conhece desarmonia.
Ao trilharem esse caminho de iniciação, eles permitem que novos valores espirituais entrem em suas vidas. Esses valores aceleram seu relacionamento e é nesse ambiente, envolvidos pela Luz do Espírito, que os homens e as mulheres podem ver e superar os obstáculos de seu relacionamento.
Dessa forma, eles se tornam verdadeiras almas vivas! Uma radiação de amor, de conhecimento e de uma nova vontade operará dentro deles – e essa radiação é muito diferente daquilo que comumente chamamos de “amor”, “conhecimento” e “força de vontade”. Esse processo só será possível depois que eles passarem por muitas experiências e provações e quando ambos decidirem, conscientemente, dedicar suas vidas ao Espírito divino.
Ambas as correntes do Espírito – a feminina e a masculina – trabalham juntas em uma polaridade sagrada; e é daí que surge a criação. Essas duas correntes criam a partir dessa relação, seja na ligação entre homens e mulheres, no interior do homem e da mulher ou até mesmo em grupos maiores.
Então, homens e mulheres serão elevados a uma verdadeira unidade de almas. E da unidade da radiação da alma surge um terceiro elemento: o Filho – a consciência divina, o aspecto mais elevado da alma.
A maioria de nós ainda é prisioneira da dualidade mundial. Mas podemos retornar a um estado de verdadeira unidade. Essa possibilidade está dentro de nós e aguarda nosso reconhecimento. O amor entre duas pessoas ou entre um homem e uma mulher é apenas um reflexo, um eco distante do verdadeiro amor divino que brilha para todos os seres humanos.