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Trouxe nas mãos uma plantinha e,
no caminho, disse para ela que teria um novo lar.
Em silêncio, conversava comigo,
alegre e paciente, sem nada a preocupar.
Vesti-a com um vaso branco, grande e florido,
feito de água de rio, fogo e barro.
Bebeu um pouco d’água e luz
e estendeu com leveza seus galhos no ar.
Permanecia tranquila no cantinho,
não importava se era fim de semana
ou se fazia sol, nevava ou chovia.
A todos que se aproximavam
escutava com mansidão e carinho,
e irradiava, sem julgar,
o que deles recebia,
ajudando-os a se conhecerem no caminho.
Aparentemente imóvel,
movia-se a todo instante,
no ritmo que a Natureza conhece.
Erguia-se cada vez mais ao alto
a respirar ares mais rarefeitos e puros,
da mesma forma que aprofundava-se
na umidade da mãe-terra para tecer raízes,
que tocavam minerais e seres vivos.
No inverno não lutava contra o frio,
apreciava o céu azul e as brancas montanhas.
Na primavera ficava deslumbrante,
ornava-se com lindas flores de arco-íris,
exalando suave fragrância.
Sorvia o sol de verão e, em sua verde copa,
refrigerava o cansaço de quem por ela passasse.
No outono, vestia-se de dourado e vermelho.
Seus frutos amadurecidos coloriam a terra
e pequenas sementes deles se abriam,
que germinavam forte onde quer que caíssem.
A plantinha nunca nasceu ou morreu.
Ela habita nosso coração em segredo.
Precisa só do suficiente e necessário,
nem excesso, nem falta de nada.
Somos como a luz dessa plantinha
e, unidos, somos um jardim
que no coração floresce.
Onde se pisa
brota fraternidade no caminho,
que leva à única fonte de amor e água ‒
para transformar a todos nós
e a humanidade.