Expansão da mente

O que tem mais valor, a inteligência ou a consciência?

Expansão da mente

No século 20, as pessoas perguntavam muito sobre como expandir a mente, sobretudo com a utilização de algumas substâncias. Por exemplo, nos anos sessenta prevalecia a ideia de que a marijuana era um presente dos deuses para prevenir a esclerose, a cristalização da mente, e que ela permitia que as pessoas escapassem de uma consciência auto limitadora sustentada pelas convenções sociais em vigor.

Mas, nessa época, rejeitava-se a ideia de que a adição dessa droga pudesse enfraquecer a mente. A crença que prevalece hoje é a de que o meio de expandir a mente é o consumo da ayahuasca O ayahuasca é composto por duas plantas: Psychotriaviridis e Banisteriopsiscaapi. A primeira possui a substância ativa DMT; a segunda faz que a DMT não seja destruída e assegura um efeito prolongado. Fonte de informações: Jellinekkliniek., uma bebida que empresta sua energia de outra planta, diferente da cannabis ou cânhamo. O desejo de expandir a mente nasce quando tentamos apreender toda a gama de radiações eletromagnéticas. O olho humano somente pode ver uma minúscula parte dessa gama que, em seu total, é milhões de vezes mais larga que o espectro da luz observável.

A realidade conhecida pela mente também existiria em um grande espectro mental. Será que a noção do Um, do Uno, daquilo que interpenetra tudo, precisa necessariamente ocupar um espaço mental superamplo? Mas há outras razões para desejarmos a expansão da mente: o sentimento de apreensão, de aprisionamento, de confinamento dentro das limitações absolutas impostos pela ordem socioeconômica; o fato de sentirmos uma necessidade de expansão devido a um sufocamento em meio a um clima normativo, burguês, hedonista, confortável, corrupto.

Em certos casos, existe uma nova fé, que até pode responder a esse desejo, a essa necessidade. É a crença de que um grande volume de dados, um oceano de informações, enriqueceria nosso consciente e o expandiriam a proporções espirituais. Essa consciência oceânica poderia nos religar ao Único, a Isso, de tal modo que o aprisionamento e o espírito estreito pertenceriam definitivamente ao passado.

A essa crença corresponde a esperança de que as tecnologias e a inteligência artificial nos manteriam em movimento de modo algorítmico, em um mundo espiritual suficientemente expandido para nos permitir respirar de maneira cósmica em um tempo absolutamente novo. A inteligência artificial, como nova forma de expandir a mente, poria ordem tanto no caos da sobrecarga quanto no modelo vicioso de nossa economia, e se tornaria o instrumento eficaz para recriar uma qualidade de vida sem desconforto.

Na verdade, o modelo econômico que conhecemos despreza a terra, a natureza e os homens. É com justiça que o escritor Yuval Noah Harari propõe uma questão pertinente em seu livro Homo Deus: Será que adotaríamos verdadeiramente a fé em um oceano de informações que supostamente expandiria a mente e aceitaríamos que nossos organismos nada mais fossem que algoritmos, e que a vida se reduzisse a um mero processamento de dados? Como pergunta final:

O que tem mais valor, a inteligência ou a consciência?

O atual entusiasmo da maioria da população por um gigante da informática como o Facebook implica uma ligação permanente com os dados que nós mesmos, por vaidade, geramos, e dos quais já não somos os únicos donos. O que leva a presumir que, no final das contas, somos uma maioria que, partindo da realidade virtual, escolhemos a facilidade, o prazer e o lucro.

Gostamos de esquecer que todo meio que supostamente expande a mente – seja natural e material ou ainda mental e digital – nos torna dependentes de forças dirigentes exteriores a nós mesmos. Na realidade, esquecemos que em nós mesmos se encontra um meio de expandir nossa mente sem necessidade alguma de dependência digital, de nenhum aporte de produtos exteriores. É um intermediário que a Gnosis pode nos mostrar e do qual pode nos conscientizar. O que chamamos de “expandir a mente” passa a significar, então, “fazer desaparecer a ignorância”. Nosso mediador interno é o Espírito, que nos oferece o espaço espiritual e a abertura. E onde está o Espírito, lá está a liberdade. 

 

 

 

 

 

 

 

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Informação sobre o artigo

Data da publicação: junho 16, 2019
Autor: Frans Spakman (Netherlands)
Foto: Dimitrus Christou via Pixabay CCO

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