Parece que agora algo minúsculo, invisível a olho nu, mudou a sociedade – e de um jeito gigantesco e espantoso. Isso colocou todo mundo, de todos os países, em uma situação sem precedentes, pelo menos nos últimos 100 anos. Estamos lutando para entender tudo isso, lidar com esse fenômeno, e para nos adaptarmos às muitas e drásticas mudanças que nos são solicitadas. Há uma enorme variedade de reações em todos os níveis – alguns são capazes de lidar com isso com relativa facilidade; outros morrem; mas para a maioria é uma luta, um período muito difícil e diferente. Estamos sendo forçados, de todas as maneiras, a deixar de lado as coisas que não eram apenas nossos divertimentos, nossas atrações, mas também nossas fontes de ligação com a Terra. Em resumo: estamos sendo chacoalhados.
Fisicamente, isso provoca uma série de repercussões, como sintomas físicos e mentais – e talvez o coronavírus possa ser uma manifestação disso. Talvez não; afinal, essas novas forças que nos confrontam são vivenciadas a partir de um estado de consciência terrestre e, por isso, podem ser percebidas como sendo muito estranhas, extraterrestres – como uma ameaça invisível à qual nosso corpo, nosso sistema imunológico, está respondendo. A atual gama de sintomas sugeriria uma resposta imunitária: afinal, estamos respirando, absorvendo, algo estranho, invisível, intangível. É algo que provoca medo em todas as suas formas, como respostas de “luta e fuga” de animais humanos. Mas não há mais lugar para onde possamos ir! Ele paralisa toda a nossa frenética “superocupação”, todas as nossas atividades obsessivas externas.
Tudo isso visto a partir de uma perspectiva terrena individual, nos faz sentir a necessidade de descobrir um “gatilho”, um culpado para esse desastre em andamento. Queremos algo que possamos identificar, nomear, com quem lutar e, por fim, “curar”. Desejamos nos sentir vitoriosos em nossa impotência. A partir dessa mesma perspectiva, não estamos vendo isso acontecer em massa com toda a humanidade – e agora mesmo? Parece que não somos capazes de perceber completamente esse vírus com nossos sentidos, mas já identificamos uma “causa” e estamos nos esforçando para encontrar uma cura. Mas será que realmente podemos enxergar além do que está acontecendo? Será que conseguimos perceber além de nosso medo inicial? E o coronavírus estaria envolvido de alguma outra maneira nesse processo? Talvez nunca saberemos. Mas estamos ficando quietos, estamos começando a perceber as coisas de maneira diferente. Se estamos mudando, o mundo está mudando. Afinal, não é verdade que nos está sendo oferecida a oportunidade de parar e olhar para dentro? Mas continua uma pergunta: será que vamos fazer isso?