Estado de consciência é estado de vida. Essa expressão aponta para a relação íntima entre a consciência e a realidade vivida pelo ser. Só podemos reagir àquilo que somos capazes de perceber, e refletir acerca daquilo que conhecemos, na medida de nossa compreensão.
Partindo dessa premissa, nossa realidade não poderia ser uma sucessão de ocorrências casuais. Afinal, passamos a nos colocar como corresponsáveis pela realidade à nossa volta. Logo, para transformar essa realidade de vida, precisamos atuar na mudança de nossa própria consciência.
Mas, de que forma o ser humano pode atuar na transformação de sua consciência? Não desejamos discutir estados alterados de consciência, uso de substâncias, prática de exercícios e métodos ocultistas. Desejamos trazer à luz a possibilidade de um contato sem intermediários com a fonte interior de sabedoria que existe em cada ser humano e o incita à busca por elevação.
O ser humano é portador de uma consciência natural e uma centelha espiritual, à qual podemos ser sensíveis em maior ou menor grau. Naqueles que buscam a espiritualidade, essa sensibilidade está ativa; enquanto que, nos que se encontram satisfeitos com a vida puramente material, essa sensibilidade ainda deverá se desenvolver. Trata-se de um processo que se dará pelo caminho das experiências de cada um. Transformar a consciência depende do reconhecimento desta fonte interior de sabedoria. Mas como se dá o contato com essa fonte?
A manifestação e a qualidade de nossa consciência biológica é o resultado da interação entre diversos sistemas ou fluídos em nosso organismo: o fluido sanguíneo, o fluido hormonal, o fluido nervoso, o fogo serpentino (que corresponde à medula espinal) e a consciência mental (com sede no espaço situado atrás do osso frontal). Esse conjunto quíntuplo encontra-se frequentemente voltado exclusivamente à vida material exterior através dos sentidos, à autopreservação e à autossatisfação. Tal consciência encontra-se demasiado apegada às próprias certezas, vontades, desejos, e medos. Disso resulta uma identificação com os mais diversos aspectos da vida.
Por isso, antes que possamos falar em transformação em sentido espiritual, é preciso que nasça na própria consciência um anseio por valores elevados e transcendentes. Apenas o conhecimento da essência desta vida pode trazer a maturidade que impulsionará a manifestação desse anseio.
Quando finalmente acontece esse despertar para a busca espiritual, todos os fluidos que compõem a consciência tornam-se mais receptivos aos impulsos da centelha espiritual. Isso se manifesta inicialmente como uma profunda nostalgia ou insatisfação com o rumo das coisas à nossa volta. Consequentemente, a busca por novos valores se torna central e a consciência se volta para esse foco interior de sabedoria, tomando-o como a bússola que a orientará em sua jornada espiritual.
Assim, a transformação da consciência culminará em uma mudança profunda na vida, na percepção e na compreensão desse ser agora desperto, até o ponto em que seja possível experimentar a iluminação. Então ele passará a perceber e a vivenciar uma existência que transcende espaço e tempo.
Enquanto essa consciência transformada puder se manifestar na matéria, ela deverá auxiliar outros buscadores a encontrarem essa via interior, pois estado de consciência é estado de vida; estado de vida é estado sanguíneo; estado sanguíneo é ação imperiosa em espontânea atitude de vida.