Maravilhamento

Maravilhamento

Você já viveu um momento diferente do momento presente?

Já viveu um momento no passado ou um momento no futuro? Não, certo? Porque o passado só existe em seus pensamentos, que remetem a memórias. Nesse sentido, você pode recordar, no presente, algo ocorrido no passado. Mas isso é um pensamento, um sentimento; não é aquele momento do passado em si.

Sobre o futuro, você tem pensamentos especulativos, cria representações.Você nunca está no futuro. Sempre está no momento presente. O Agora é a única coisa que podemos experimentar. No livro Por quê o Tempo (Não) Flui, Jos Stollman explica que todas as experiências pessoais são ordenadas pela consciência do eu. O fluxo do tempo nada mais é do que a nossa consciência do eu; onde o eu experimenta o mundo ao seu redor e a si mesmo.

Pensamentos e imaginações determinam os sentimentos no Agora. O Agora é como um fluxo contínuo de consciência. Toda a criação é criada continuamente. Uma corrente de sensações externas flui através dos sentidos, e um rio de todos os tipos de sentimentos e pensamentos colore esse Agora, a realidade do Agora. E em meio a esse sentimento, existe a consciência de que você é você mesmo.

Recentemente, foi publicado um livro científico chamado O Código da Consciência, escrito pelo neuropsicólogo Cyriel Pennartz. Durante muito tempo, o tema da consciência não foi objeto de estudo científico, pois os cientistas não conseguiam mensurar muitos aspectos concretos do fenômeno. A pesquisa científica tornava-se, então, difícil, visto que a ciência só reconhece como verdade o que pode observar ou mensurar.

Mas há cerca de vinte anos a consciência deixou de ser um tabu para a ciência. Afinal, com equipamentos sofisticados de hoje, é possível medir muitas coisas. Correntes elétricas, que exibem padrões de ondas eletromagnéticas, reações químicas ou bioquímicas entre moléculas muito complexas em locais onde as células nervosas influenciam umas às outras. É possível medir todo tipo de coisa enquanto cobaias vivas realizam tarefas. Assim, a relação entre o cérebro e seu ambiente é mensurada.

Bem, podemos dizer que isso é consciência? Essa continua sendo uma questão difícil. É notável que, na última página do livro, o autor admita: são duas realidades difíceis de conciliar, ou seja, por um lado, vejo correntes elétricas, reações químicas e, por outro lado, provo, sinto, vejo e ouço: tenho a experiência. São todas as mesmas correntes, mas todos podem confirmar que a experiência de ver ou ouvir é muito diferente da experiência de cheirar, por exemplo. O autor admite: “Não podemos desvendar o mistério da consciência”.

A experiência subjetiva interna é bastante diferente daquilo que se tenta compreender
pensando sobre algo externo a si. A mente está ligada aos sentidos, já dizia Hermes no
antigo Egito.

Sim, essa é a diferença. A pesquisa científica sempre olha para o outro como ele se fosse sensorialmente perceptível. A mente intelectual só consegue compreender coisas. A consciência não é uma coisa. Por definição, a razão jamais poderá compreender a consciência.

A filósofa holandesa Marjan Slob explica em seu livro Hersenbeest (Besta Cerebral) que existe uma diferença fundamental entre a experiência interior e o que outra pessoa pode observar dela. Na conversa com os outros, as palavras se interpõem entre esses dois extremos. Marjan explica que os próprios neurocientistas parecem não perceber que aquilo que pensam estar pesquisando é moldado por palavras. As palavras tentam nos dar uma noção da realidade em nossa comunicação com os outros. Somos todos ilhas em nosso próprio mundo de experiências. As palavras são uma espécie de acordo, com o qual esperamos nos conectar uns com os outros. Mas como é difícil nos entendermos bem!

O pensamento intelectual sobre a consciência também faz com que o milagre desapareça. Porque se conseguimos explicar algo, isso deixa de parecer um milagre. Como se a própria explicação e as leis da natureza em si também não fossem um milagre.

Por que não simplesmente parar? Deixe seu pensamento intelectual silenciar, percebendo que, na verdade, você não entende nada, e que tudo é um milagre que você contempla com admiração. Que você é consciência, que tudo é consciência e que você faz parte disso. Quando sua mente se silencia, uma sensação maravilhosa pode tocá-lo. Isso se aproxima do
amor, da unidade e da reverência. Isso traz felicidade. Como pode ser tão simples! Esta é uma experiência na consciência do coração. Estar consciente sem a interferência do pensamento racional.

Devolva o milagre a Deus. Tudo é um milagre. Einstein sabia disso.

Quando você se abre para o fluxo da vida e permanece em silêncio diante do milagre do Agora, um novo fogo toca seu coração. E tudo se renova.

Compartilhe este artigo

Informação sobre o artigo

Data da publicação: dezembro 29, 2025
Autor: Arnold Stevelink (Netherlands)
Foto: Markus Kammermann on Unsplash

Imagem em destaque: