Hoje, cedo da manhã, tive um insight muito interessante em sonho. Quis registrar, mas, como uma névoa, ele se desfez na memória.
Percebo uma transição de estados de consciência entre sonho e vigília: um não se comunica plenamente com o outro — quando se ativa o estado de vigília, o conteúdo do sonho se desfaz.
No entanto, preenchido de bom ânimo, logo que despertei escrevi o que me restou como o sentido daquele sonho inspirador. Eis o que ficou:
A vontade do Todo a cada instante se realiza, não como um trilho, mas como leis executadas com infinitas possibilidades…
Mas aqui reside um aparente paradoxo: começamos fazendo o inverso dessa vontade e, com isso, produzimos sombras.
Há uma desconexão entre cada ato nosso e a espontaneidade esperada de uma ação que objetiva alcançar o cumprimento daquela vontade – o ato verdadeiro, genuíno. De início, ela não é percebida — mas, aos poucos, é sentida com desconforto. Começamos então a tomar consciência da situação, e nisso já há avanço.
É assim que nós vamos nos desmascaramos. A partir desse ato verdadeiro, a imagem da vontade, não mais invertida pelas sombras, começa a se concretizar em nossas vidas. Agora, cada ação nossa encontra seu real significado.
O sonho também trouxe a ideia de que para nascer duas vezes é preciso encontrar conscientemente a ligação entre o tempo e a eternidade. As duas linhas de ação estarão separadas até que o passado e o futuro se encontrem no eterno presente.
O tempo nada sabe da eternidade — é a eternidade que busca a reconciliação com o tempo. Aos poucos, a luz da nova alma — a eternidade — torna-se o fator determinante de toda a vida.
E o tempo desperto, livre das sombras, deságua na eternidade.